Para muitas pessoas, um banho quente é a hora mais relaxante do dia. A sensação de água escaldante escorrendo pelo seu corpo parece derreter o estresse e criar uma bolha de tranquilidade – afinal, ninguém pode incomodá-lo debaixo do chuveiro, certo? Mas e se essa rotina aparentemente inofensiva estivesse realmente prejudicando sua saúde? De acordo com a dermatologista Dra. Divya Shokeen, fundadora do Ocean Skin & Vein Institute, na Califórnia, a temperatura da água que escolhemos pode ter efeitos surpreendentes – e nem sempre positivos.
Participando do podcast Estou fazendo errado?, do Huffington Post, o especialista alertou: banhos muito quentes podem causar mais mal do que bem. "Você deve tomar um banho frio, não quente", disse ele. A médica baseou sua recomendação em pesquisas científicas publicadas no PubMed, um banco de dados da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.
Estudos analisados por ela mostram que a água fria estimula os folículos capilares, favorece o crescimento do cabelo, promove a renovação da pele e melhora a dilatação dos vasos sanguíneos. Além disso, ajuda na circulação sanguínea, fortalece o sistema imunológico e acelera a recuperação muscular após o exercício – uma ótima notícia para os frequentadores de academias.
O problema da água quente está em sua capacidade de remover substâncias essenciais para a saúde da pele. Óleos, gorduras e proteínas naturais que formam uma barreira protetora são eliminados pelo calor excessivo, deixando a pele seca e vulnerável. Isso pode agravar condições como eczema, causar irritação e até aumentar a sensibilidade a agentes externos, como poluição ou produtos químicos presentes em sabonetes.
Mas se a ideia de um banho gelado parece insuportável, o Dr. Shokeen oferece uma alternativa: reduzir gradualmente a temperatura. Ela sugere começar com água morna e, nos últimos 30 segundos do banho, colocar o chuveiro no modo frio. Esse breve período é suficiente para aproveitar parte dos benefícios, como estimular a circulação e fechar as cutículas capilares, deixando os fios mais brilhantes.
Outro ponto crucial é a duração do banho. Segundo o dermatologista, o ideal é limitar o tempo a 5 ou 10 minutos. Exceder esse limite compromete o manto hidrolipídico da pele – uma camada protetora natural composta de água, óleos e suor – que pode levar ao ressecamento, coceira e descamação. Para quem ama prolongar o momento debaixo d'água, a dica é priorizar a eficiência: use esse tempo para higienizar o corpo sem exagerar na temperatura ou na duração.
E os benefícios da água fria vão além da pele e do cabelo. Estudos indicam que a exposição controlada ao frio ativa mecanismos de adaptação no corpo, como a liberação de noradrenalina – substância ligada ao estado de alerta e ao bem-estar. Portanto, um banho mais frio pode deixá-lo revigorado, ao contrário da sensação de sonolência que um banho quente prolongado costuma causar.
Claro, adaptar-se a essa mudança requer um pouco de persistência. Se a água gelada ainda parece um desafio, tente baixar a temperatura gradualmente, semana após semana. Comece reduzindo o calor em alguns graus e observe como seu corpo reage. Gradualmente, o desconforto inicial pode dar lugar a uma sensação de energia e vitalidade.
Em resumo, a ciência aponta que pequenos ajustes na rotina do banho — como controlar a temperatura e o tempo — podem fazer uma grande diferença na saúde da pele, cabelos e corpo como um todo. E, quem sabe, transforme esse momento diário em um hábito ainda mais revitalizante.
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