Uma mãe na Malásia está chamando a atenção ao revelar que prefere voar todos os dias para o trabalho em vez de morar na mesma cidade onde está seu trabalho. Racheal Kaur, funcionária da AirAsia, mora em Penang, a cerca de 400 quilômetros de Kuala Lumpur, onde seu escritório está localizado. Sua rotina começa antes do amanhecer: ela acorda entre 4 e 4h15, se prepara rapidamente e sai de casa às 5 da manhã para pegar um voo que decola às 5h55. Em menos de 40 minutos, ela desembarca na capital, caminha cinco minutos para o trabalho e chega ao escritório antes das 7h45. À noite, repete o percurso inverso, regressando a casa por volta das 19 horas.
A escolha incomum de Racheal não é um capricho. Ela calcula que, mesmo pagando duas passagens aéreas diárias, a decisão economiza tempo e dinheiro. Como funcionária de uma companhia aérea, ela recebe descontos nas tarifas, o que reduz significativamente os custos. Além disso, o aluguel em Penang é mais acessível: sua hipoteca mensal é de aproximadamente 1.000 ringgit (cerca de 1.277 reais), enquanto em Kuala Lumpur o valor subiria para 1.500 ringgit (1.915 reais). A diferença de quase 640 reais por mês compensa parte dos gastos com os voos.
Mas a economia não é a única razão. Racheal ressalta que a rotina permite que ela esteja presente na vida de suas duas filhas, de 11 e 12 anos. "Posso voltar para casa todas as noites, ajudar nos trabalhos escolares de última hora e vê-los crescer", explica ela. Para ela, evitar o trânsito caótico de Kuala Lumpur - que poderia adicionar horas ao seu dia - era crucial. Enquanto muitos pais têm que escolher entre carreira e família, Racheal encontrou um meio-termo incomum.
A estratégia da Malásia não é única. Em 2023, uma jovem nos Estados Unidos se tornou viral no TikTok ao revelar que viajou de avião e táxi para um estágio em Nova York, gastando menos do que pagaria para morar na cidade ou em Nova Jersey. Sua rota incluía voos regionais de baixo custo e viagens terrestres, mostrando que, em certos casos, a logística aérea pode ser mais viável do que imaginamos.
No caso da Racheal, a proximidade do aeroporto com o escritório foi um fator decisivo. Se a empresa estivesse localizada em outra área de Kuala Lumpur, o tempo gasto no deslocamento terrestre anularia a vantagem do voo rápido. A malaia também ajustou hábitos para otimizar seu tempo: evita despachar bagagens, usa sapatos práticos para acelerar sua caminhada no aeroporto e mantém uma rotina matinal rígida para não perder o voo.
Apesar do cansaço de acordar antes das 5 da manhã, Racheal diz que a energia de suas filhas em vê-la chegar em casa todas as noites vale o esforço. Ela também menciona que, em dias de imprevistos ou atrasos nos voos, a flexibilidade da empresa permite que ela trabalhe remotamente, garantindo que não haja perda profissional.
Enquanto os especialistas debatem os impactos ambientais dos voos diários, histórias como a de Racheal desafiam as noções tradicionais sobre mobilidade urbana. Em um mundo onde o trabalho remoto se popularizou, ela escolheu um caminho oposto, mas calculado, priorizando a relação custo-benefício e a qualidade de vida familiar. Sua rotina prova que, em algumas situações específicas, até mesmo um avião pode se tornar parte da rota casa-trabalho - desde que os números se somem e a família o apoie.
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