No verão de 2023, uma história comovente abalou o Reino Unido e levantou questões sobre os desafios no diagnóstico de doenças graves. Sophie Ward, de 20 anos, morreu menos de 24 horas depois de receber alta de um hospital em Londres, onde procurou ajuda para sintomas que sua família suspeitava ser meningite. O caso, investigado em audiência pública, revelou detalhes que destacam a complexidade dessa infecção potencialmente fatal.
Tudo começou em 30 de julho de 2023, quando Sophie acordou com calafrios intensos e febre alta. Preocupada, sua mãe, Alice, ligou para o serviço de emergência não urgente do NHS (111), que os aconselhou a ir imediatamente ao pronto-socorro do Hospital Barnet.
Quando chegaram por volta das 15h30, depararam-se com um ambiente descrito como "caótico". A família relatou à equipe médica a suspeita de meningite, uma infecção das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, conhecida por seu rápido avanço e sintomas como rigidez do pescoço, sensibilidade à luz e erupções cutâneas.
Sophie passou por triagem, mas só foi atendida por um profissional de saúde duas horas depois. Exames de sangue e urina foram solicitados, bem como uma tomografia computadorizada, que os médicos disseram ter detectado meningite em 90% dos casos. O resultado, no entanto, não apontou anormalidades.
A família questionou por que uma punção lombar - um procedimento considerado mais preciso para confirmar a doença - não foi realizada. Depois de quase sete horas no hospital, Sophie recebeu alta por volta das 22h, com a recomendação de retornar se aparecessem manchas vermelhas na pele.
Menos de quatro horas depois, por volta das 2 da manhã seguinte, a jovem começou a vomitar violentamente e sua febre aumentou drasticamente. Em uma mensagem para um amigo, Sophie escreveu: "Nunca me senti tão mal na minha vida". Sua mãe notou erupções cutâneas no pescoço e nas costas e, quando ligou para o 999, uma ambulância a levou de volta ao hospital. Testemunhas relataram que, durante o transporte, "sangue parecia fluir de seus olhos" - um sintoma raro associado a casos graves de septicemia (infecção generalizada), que pode acompanhar a meningite.
No hospital, Sophie sofreu paradas cardíacas consecutivas. Torturada três vezes, os médicos conseguiram reanimá-la, mas seus órgãos já estavam comprometidos. Ela foi declarada morta às 16h30 do dia 31 de julho, menos de 24 horas depois de deixar o hospital. A autópsia confirmou que a causa da morte foi meningite bacteriana combinada com septicemia.
O caso gerou comoção pública e levou a família a buscar respostas. Durante a audiência, Alice descreveu sua filha como "amada por todos, admirada por sua ternura, sinceridade, gentileza e beleza". O pai de Sophie, Paul, iniciou uma campanha arrecadando mais de £ 20.000 para a Meningitis Now, que apóia pesquisas e famílias afetadas pela doença. Ele também anunciou um desafio pessoal: pedalar 90 km na Ilha de Wight em seis horas, para aumentar a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce.
A meningite bacteriana é uma emergência médica. Seus sintomas iniciais - febre, dor de cabeça, rigidez muscular - podem ser confundidos com os de doenças menos graves. A erupção cutânea, um sinal clássico, nem sempre aparece no início. Por isso, especialistas reforçam a necessidade de exames complementares, como a punção lombar, quando há suspeita, mesmo que outros exames preliminares não confirmem a infecção.
A história de Sophie Ward não apenas expõe as dificuldades no combate a infecções rápidas e silenciosas, mas também ressalta a importância de iniciativas que financiam pesquisas para melhorar métodos diagnósticos e tratamentos. Enquanto isso, a família continua honrando a memória da jovem, transformando a dor em ação para evitar que outras vidas sejam perdidas da mesma forma.
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