Uma história comovente tem chamado a atenção para um tipo raro de câncer e os desafios do diagnóstico precoce. Sian Ashcroft, uma britânica de 35 anos e mãe de três filhos, faleceu apenas 18 dias depois de descobrir um câncer de fígado agressivo. Seu caso, marcado por sintomas inicialmente mal interpretados, reforça a importância de conhecer sinais pouco conhecidos de doenças graves.
Tudo começou na primavera de 2023, quando Sian tentou doar sangue e foi informada de que estava anêmica. Ela começou a tomar suplementos de ferro, mas em agosto do mesmo ano, um novo alerta surgiu: dor abdominal persistente. Apesar de ser um sintoma associado ao colangiocarcinoma (um tipo de câncer que afeta os ductos biliares), Sian acreditava que era intoxicação alimentar. Quando a dor não passou, ela foi encaminhada para exames hospitalares.
Os médicos inicialmente suspeitaram de cálculos biliares e recomendaram a colocação de um stent no ducto biliar. No entanto, em novembro de 2023, durante uma consulta de acompanhamento, foi identificada uma lesão hepática. A confirmação do diagnóstico de colangiocarcinoma só veio em janeiro de 2024 — e de forma devastadora: os médicos informaram que o câncer já estava em fase terminal, faltando apenas alguns meses de vida. A surpresa foi ainda maior quando Sian faleceu menos de três semanas depois, deixando a família e os amigos em choque.
Sue Dowling, mãe de Sian, compartilhou publicamente a dor e a frustração da família com o atraso no diagnóstico. "Ela ficou cada vez mais fraca, com visitas constantes ao médico e hospitalizações, mas o diagnóstico veio tarde demais para salvá-la", relatou Sue em entrevista à BBC. A família ressaltou que, mesmo diante da notícia devastadora, Sian manteve o humor, a positividade e o foco nos filhos até seus últimos dias.
Um câncer silencioso e pouco compreendido
O colangiocarcinoma (CCA) é um tipo raro de tumor que se origina nos ductos biliares, estruturas responsáveis pelo transporte da bile do fígado para o intestino. De acordo com a instituição britânica AMMF, dedicada à pesquisa sobre a doença, cerca de 79% dos casos são diagnosticados apenas em estágios avançados (3 ou 4), quando as opções de tratamento são limitadas. Apenas 21% dos pacientes descobrem a doença nos estágios iniciais, onde há mais chance de intervenção.
Helen Morement, diretora executiva da AMMF, explica que a AAC é frequentemente subdiagnosticada porque seus sintomas - como fadiga, dor abdominal e icterícia - são comuns a outras condições. "Muitos pacientes não se encaixam no perfil esperado de alguém com câncer de fígado. Eles podem ser jovens, como Sian, ou não ter fatores de risco tradicionais, como o consumo excessivo de álcool", detalhou.
O especialista reforça a necessidade de se atentar aos sintomas persistentes: "Se alguém procura o médico com dor ou sinais invulgares que não melhoram, devem ser solicitados exames de função hepática. Esses testes simples podem detectar alterações no fígado antes que seja tarde demais.
A importância da conscientização
O caso de Sian Ashcroft não é isolado. A AMMF alerta que a falta de conhecimento sobre a ACC, tanto entre os profissionais de saúde quanto na população em geral, contribui para diagnósticos tardios. Sintomas como coceira na pele, perda de peso sem motivo e febre baixa também podem estar associados à doença, mas muitas vezes são atribuídos a problemas menos graves.
À medida que a ciência busca avanços nos tratamentos, histórias como a de Sian ressaltam a urgência de disseminar informações sobre esse tipo de câncer. Para familiares e amigos, a dor da perda permanece, mas a esperança é que, ao compartilhar sua experiência, mais pessoas possam reconhecer os sinais a tempo.
A família de Sian continua engajada em campanhas de conscientização, apoiando a AMMF em iniciativas destinadas a expandir o acesso a exames e educar os médicos sobre os riscos do colangiocarcinoma. Para Sue Dowling, a luta agora é para que outras famílias não passem pela mesma tragédia: "Ela era corajosa, divertida e amava seus filhos acima de tudo. Queremos que sua história ajude a salvar vidas."
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